sábado, setembro 16

:: teresa cristina e grupo semente



fazia um frio danado naquele primeiro de setembro. o auditório do ibirapuera não estava cheio, garoava aquele filete paulistano. no meu mp3 player tocava algum rock, talvez black rebel ou mesmo cardigans. sentei-me um pouco afastado (pedi a moça que trocasse meu lugar porque eu estava muito próximo do palco e não dava para ver tudo). o show começa. teresa cristina cantando me fez lembrar dos meus dias, por contraste.

conheci terese cristina por acaso. estava esperando a hora do cinema na frente do espaço unibanco, naquela loja de cdï?½s. procurava por algo que eu não pudesse baixar em casa (donga, wilson batista, sambistas mais antigos), até que começo a ouvir uma voz muito doce cantando paulinho da viola. me empolguei na hora, pensando em como eu gosto de paulinho da viola. cantarolava enquanto procurava por alguma coisa que interesse naqueles cdï?½s. as músicas se sucediam. quando dei por mim, estava apaixonado pela voz. sabe aquela sensação de que a primeira impressão vai melhorando?

depois, procurando pela internet, soube que teresa cristina também compunha. pude vê-la num show que passou na tv cultura, mas sempre pensei que teria que ir ao rio de janeiro para vê-la cantar. pois, estava eu ali, assistindo-a ao vivo.

teresa cristina não tem a desenvoltura e experiência de bethânia (talvez ninguém tenha). assistindo-a cantar, lembrei-me de relatos que li sobre billie holiday. diziam que a cantora americana ficava imóvel no palco, uma coisa hipnótica. teresa cristina não tem essa mágia. seu braço esquerdo fica pendente, só se movimentando algumas vezes para acentuar visualmente alguma nota. mas enquanto canta, ela sorri com uma serenidade que deixa a música ainda mais gostosa.

o ponto alto foi quando cantou "a história de lili braun". depois da música, ela agradeceu a presença. dizia que ela mesma gostaria de estar no show do chico buarque (que acontecia naquela mesma hora), mas que estava feliz pelo público ter comparecido.

quando acabou o show, nem tive coragem de ouvir meu mp3 player. queria conservar os ouvidos ainda com o frescor do que havia ouvido.